SATYROS + NORMA BENGELL NO ITAÚ CULTURAL - NELSON RODRIGUES
Uma pequena fresta de luz num universo urbano tão idiotizado e reaça.
Entre "jovencitos" que crescem deformados por tanto terem recebido a "radiação de Tchernobyl cultural"... Disney, MTV popppy, Aguilera, "Britta", Desperate Housewives, o tal de Darko, BBB, Fantastic Four, Spiderman, X-Men e todo o lixão cinematográfico sem epónimos... obras apócrifas, Friends e todas "séries" trash da Sony, Warner, e todos canais gênero Rupert Murdoch, Viacom e outros "Berlussolinis" (mix de Berlusconi e Mussolini para quem não entendeu ou "não sabe" do que se trata).
Enquanto muitos "tem vergonha" da cultura brasileira (quelle honte!) e preferem beber em fontes de águas paradas e turvas, os Satyros apresentam um verdadeiro "produto de exportação" oriundo de terra brasilis... Satyros + Nelson Rodrigues + Itaú Cultural... oxigênio em meio ao marasmo dos emocores subnutridos pela "dieta do palhaço" (McDo + Giraffa's, Burger King) e por tantos Miojos... "tá de zoa ou tá de boa"? F*ck off alfaces andantes, f*ck off Miojo-Man!
Comida "fast-food" cocozenta que o acadêmico americano (Harvard) Harvey Levenstein chama de "gastro-anomia", jeu de mot com "gastronomia". Anomia vem do grego "nomos", lei, regra. Anomia é a falta de regras. Muito se diz que a arte contemporânea institucionalizou a "anomia". A falta de regras (anomia) teria se tornado a regra.
Levenstein aborda o lixo alimentar em seu livro "Paradox of Plenty: A Social History of Eating in Modern America".
Um problema crucial resultante dessa subnutrição (tanto do ponto de vista alimentar quanto cultural) reside no seguinte fato: a malnutrição crônica não gera sentimento de fome, isto é, um malnutrido crônico, está "sob ilusão"... anestesiado (sem "aisthesis"... estética, como diria Baumgarten, fundador da estética... hello! estética não é limpeza de pele e depilação de buço... estética é filosofia da arte... vide Kant, Hegel, etc).
Repita essa técnica de "esvaziar uma pessoa" ao longo de três gerações malnutridas subseqüentes... da nonna e nonno aos netos. Resultado: ao longo de três gerações de "burricos" você obterá escravos perfeitos... bob'alegres e semianalfabetos. Uma maravilhosa força-tarefa. Em São Paulo fará um sucesso, entre empáfia tão "gentlemaníaca". Os neo-escravos são quietinhos e não são desbocados, não sinhô. Silencioso exército lazarento. Viva a noite! Viva! Viva! Viva! Escravos, robots, zumbis com feições humanas. Sempre estarão de zoa e de boa... dançando a dança da galinha azul e escutando Arctic Monkeys e o que mais estiver no "sub-hype" da época. Época do vazio (Lipovetsky). Viverão uns 60 anos e padecerão de cancer com patrocínio Phillip Morris. Replicantes. Quero comprar um idiota. Será que está à venda no Carrefour? O artista de Nice, Ben Vautier, assinou e expôs um mendigo numa galeria. Eu quero assinar e expor um "teenage riot". Perdão... "riot"?! Riot de que?! Complexo de "Peter Punk" ou Peter Pan. Na boa... wake up Zumbi Nation! Dezumbifique sua vida new-zumbi! Desligue esse blog e vá ler um livro!
New metal? New rave? Prefiro um new-foxtrot futuro. Prefiro New-ton, Isaac.
A bove ante, ab asino retro, a stulto undique caveto... tenha cuidado com o boi pela frente, tenha cuidado com o asno por trás (coice) e tenha cuidado com os imbecis por todos os lados; já advertiam nossos antepassados, séculos atrás.
Viva a arte! Noção tão vaga, tão distorcida em nossas terras tapuias.
Tristes trópicos! Tristes caboclos neo-mazzaropianos que se imaginam "Lagerfelds".
Tamoios que acham que são londrinos... como dizia Paula Toller (sic)... "é o cara que só dá esmola pra mendigo em Londres e , e no Rio cospe no chão".
Patética dança da auto-negação. Tempo perdido. Geração perdida.
Os locutores de rádio em SP tem mais sotaque texano que os próprios texanos. Patético. Acham que estão falando "ingrês" mas estão pagando um mico federal. O conglomerado francês Nova (Radio Nova + TSF Jazz) toca mais música brasileira autêntica (Pixinguinha, Dom Um Romão, Paulinho da Viola, Spok Frevo Orchestra, João Gilberto, Astrud Gilberto, até mesmo Norma Bengell cantando "Fever") que as rádios de SP. O que está havendo? Somos macacos de imitação, monkey see - monkey do, pastichando as migalhas culturais que são derramadas, Península de Yucatan abaixo?
Na Radio Nova pode tocar, por exemplo, Of Montreal, Rosin Murphy e em seguida João Gilberto. Laurent Garnier, Amon Tobin (brasileiro) e Velha Guarda da Portela.
Nas rádios de SP toca... Guns'n'Roses, Arctic Monkeys e Jennifer Lopez. Canções de ninar para homo trogloditicus. Sad but true... como dizia aquela musiquinha do Metallica.
Em terra de cego quem tem olho é rei, alardeia o dito popular. Vox populi.
Todavia... em terra de cegos que insistem em continuarem cegos... quem tem olho é taxado subversivo e logo execrado... em terra de cegos convictos, quem tem olho pode até ser linchado. Alienistas e alienados tem unhas afiadas.
Felizes artes cênicas... com satirianas e rodrigueanas.
O Itaú Cultural lava nossa alma de nossa lágrimas sociais.
Nos propicia "alimento para a alma" enquanto estamos acostumados com migalhas de Cheetos gorduratransusentas. Cheetos e pipocas coloridas que nem meu cachorro come. Faz boca de Mister Magoo e cospe.
Viva Itaú Cultural! Lifebuoy em meio à tempestade de merda que nos emerda.
Sai da lama "teenzada" jacaré! Parem com o roque-roque do ratinho. Rock é legal. Eu amooo rock'n'roll. Sou filho do rock. Legítimo. Vira-lata legiítimo. Mas... c'mon... tocar rock nacional também é legal. Proponho um "DJsafio" (um desafio pros DJs)... tocar a excelente banda gaúcha Pata de Elefante. Tocar uma música antiga do De Falla de Edu K (como "Eu Não Amo Voce"), tocar "Jack Kerouac" do Gang 90. Tocar e dar espaço às bandas novas para que elas possam mostrar em proscênios ou grandes palcos onde suas almas cheiram a talco - como cantava Gil, toda sua arte musical. Tantas bandas novas legais. O "pobrema" (quem diz que tem um "pobrema" não tem um... tem dois) é que voce liga 89FM, MTV Brasil, etcetera e tal, e só ouve jabá. Música jabadélica. Ou é aquele "BRock" gênero Barão Vermelho, Ultraje; ou o "new rock" (CPM22, Charlie Brown Jr, NX Zero). This is not rock'n'roll and I don't like. Vamos tocar a música "Soltaram!" do Pata de Elefante. Isso sim. It's only rock'n'roll and I like it. Let's roxxx!
Vejam o vídeo do Pata no link:
http://www.youtube.com/watch?v=VmCQ2EInWsE
Precisamos (sim... o verbo é: "precisar") romper o lacre do silêncio anestesiante e botarmos a boca no trombone. Precisamos de novos confrontos USP versus Mackenzie na Maria Antonia... precisamos dar as caras, dar nomes aos bois. Crescer e aparecer.
Precisamos voltar ao ano de 1969 que não existiu no Brasil. O AI-5 nos deixou imóveis no âmbar de dezembro 1968. Estamos parados no tempo desde então.
Não tente mudar o "mundo". Tente mudar s-e-u mundo.
Você tenta sair do gueto mas o gueto está dentro de sua cabeça, como diz D2.
Essa transição ocorre primeiro na esfera pessoal. "Just do it"... diz o slogan da Nike. Que tal: "just think"... somente pense?
Precisamos tirar o vestido de noiva e rompermos o casamento. Fazer as coisas voltarem aos trilhos.
Precisamos despertar e nos aceitarmos... caso contrário... sempre seremos cópias mal feitas do que já foi feito em paises de língua inglesa, a "anglosfera".
O mundo está esperando, ansioso, o Brasil despertar.
Nelson Rodrigues é um dos expoentes desse despertar de um gigante.
Esse despertar não pode ser travado por "agentes da ignorância", Jornal Nacional, Revista Veja, Diogos Mainardis, Gasparetos e sua fajuta física-quântica-besteirol, Hebes Camargos e todo o ódio secular das "elites" (Claudio Lembo is right), Jotas Quests, Shows do Tom", Faustão, BBB 69, seguidores dos seriadozinhos da Sony, e toda indústria subcultural de massa, indústria da alienação pesada... que vende sonhos de autorealização irrealizáveis dentro de um "sub-american way of life" e que faz, por exemplo, que Ivette Sangalo ganhe 400 mil reais por show. Como dizia Aracy de Almeida... "não vale nem dois mangos".
Os quase 3 milhões de brasileiros que vivem fora do Brasil não imigraram somente por questões financeiras. Há uma parte de "exílio cultural". Aqui estamos próximos de uma "idade-estética zero"... marionetes miamizadas em farrapos, anêmonas anêmicas pseudo-goth, rockers com nariz de Chico Bento, platinum-blonde com bigode português.
No Brasil gostamos de criticar pejorativamente Cuba. Há mais brasileiros em exílio que cubanos. Há inúmeros brasileiros que juraram, dedos cruzados, jamais recolocarem os pés no Brasil. O "patropi" cantado por Jorge Ben está enfraquecido pela ignorância parasitária, e patati e patata. Vamos buscar o Brasil profundo, como no programa (extinto) de Regina Casé... vamos buscar o "Brasil que o Brasil não conhece"; e vamos sistematisar a semiótica que resultará desse fortuito encontro, reformulando-a em arte... arte universalisante, para export' ou não.
Vire as costas para Londres, L.A. e NYC. Olhe de frente seu vizinho.
Isso tudo não é, absolutamente, uma questão de nacionalismo. Nacionalismo não faz sentido num mundo globalizado e acêntrico. Nacionalismo é uma faceta e um resquício de um sentimento tribal, das cavernas.
A letra "Imagine" de John Lennon é um hino à aldeia global, uma meta, indiscutivelmente. A questão que abordo não é de cunho nacionalista mas de qualidade de vida, de dignidade, de completarmos a transição de "miquinhos amestrados", de "fashion week" inverossímil, com menos de 10% de negros e índios na catwalk, para "semana da moda" com cara de gente, que reflita toda nossa diversidade multiculturalista. Vivienne Westwood passou por aqui na primeira semana de moda de 2008 e ficou chocada. Onde está o Brasil? Por que continuam a esconder a senzala? A senzala é muito, mas muito mais interessante que a "casa grande". Por que varrer para baixo do tapete? Tenho vergonha de minha cidade com a visita de Westwood. Tenho vergonha das "elites" e tenho orgulho do "povo"... justamente "le peuple" que é banido, vetado e expurgado por uma "elite" burra e tacanha que gasta 50.000 reais em "embrião de boi" e vira as costas para a cultura. São tão "americanizados" (aliás... Miamizados) que não percebem que os ricos americanos investem zilhões em universidades, museus, centros culturais. O que, por exemplo,o grupo Pão de Açúcar faz pela cultura? Você já soube de algum membro da famiglia Scarpa na Casa da Xiclet? Quem tá do outro ladro do vidro fumé, do "glass-ceiling" não desce. Quem tá desse lado não entra. Saímos do Muro de Berlin e passamos pro vergonhoso Muro do Mexico e sobrevivemos em nosso jour le jour nas brechas do Muro de Vidro desse aquário social que se tornou nossa rocambolesca e mirabolante sociedade ocidental.
Gilles Lipovetsky está certo quanto ao Império do Efêmero, mas Houellebecq também está... a indústria da moda reutiliza uma estética facisante e arianizante. A indústria engatinhante da moda brasileira, quando usa e abusa dessa estética facisante, além de provocar malaise social, é sintomática de como as pessoas são jecas e analfas.
Isso não é uma questão subjetiva, de julgamento de gosto (julgamento estético). Isso é uma questão política. Contrariamente ao que muitos brasileiros foram pouco a pouco sendo conformados a acreditar... política se discute sim. Não em termos de "Eu gosto da Heloísa Helena. Você gosta do Brizola?"; mas em termos de escolhas pessoais. Essas escolhas também envolvem escolhas estéticas, que por sua vez repercutem em questões políticas. Círculo vicioso, cobra mordendo o próprio rabo. Já reparou que todo filho de milico gosta da mesma coisa? Que às vezes todas as pessoas de um bairro, ou de uma cidade pequena, tem "gostos" (julgamentos estéticos) similares?
Precisaríamos de um ambiente cultural interno homeostático.
Não conseguimos obter "autosuficiência" em nossa arte pois não criamos, recriamos copiosamente o que vem dos States.
Surge um The Rapture. No ano seguinte várias bandinhas em SP tocam igual ao Rapture. Surge Knoxville e o Jackass. No ano seguinte aparecem varios jackassesinhos no Gordo Freak Show. Em 2030 surgirá em Londres uma "The Band" e todos, em 2031, tocarão em São Paulo como a The Band. Enquanto isso, a "New Banda de Pífanos de Caruaru On The Block",da época, estará fazendo - não o mesmo som - mas um som autêntico há décadas. A Banda de Pífanos de Caruaru é, aliás, o Kraftwerk brasileiro. Não tecnológico, mas naïf... kings of the stone age. Sim, a banda de pífanos é a versão BR do Krafwerk. Azymuth que nada!
Pegue uma revista nacional dos anos 80. Em seguida, dos 90. Veja como toda a estética publicitária, todos os grandes temas levantados refletem as revistas americanas de, respectivamente, 75 e 85. Temos o time-lapse de um quinquenato. Cinco anos retardados. Eu voltei da França em agosto 2004. As músicas que chegaram aqui em dezembro 2005, aproximadamente, eram migalhas esfareladas dos hitlists do verão de 2004 (julho) na Zooropa. Benny Benassi, por exemplo, julho 2003 na França (a faixa data de 2002 em sua Milão de origem) e julho 2006 no Brasil. Os farelos eram os menos nutritivos, os nutrientes substanciais tendo ficado por lá mesmo.
Mais que um genérico, recebemos um placebo insosso do que é produzido lá. Não copiamos a receita, nem os ingredientes, nem o modo de preparo... copiamos a geometria das migalhas, sem buscarmos comprender nem conteúdo nem contexto nem correlações, somente apreendemos a forma numa geometrização hipernaïf.
Por isso que grande parte de nossa fotografia "tropical" não tem composição, por exemplo. Ficamos retesos no verniz da superfície e não vemos o fundo em nossa miopia (shortsightedness) patológica de Maga Patológica. Para os incautos de plantão, fotografar é "dar um clique", não é f-a-z-e-r uma foto. O energúmeno fotografa como quem coloca uma margheritta no microondas. Seus ídolos são Anne Guedes e Lachapelle (por ter feito o "crip" da "Britta"), odeia Salgado porque ele "'ixprora' os pobre'". O sujeito tanto poderia estar consertando uma máquina de lavar quanto fotografando. Faz um "X", dá um belo sorriso (sic) e olha bem pra câmera. Pé-de-pato, mangalô, três vezes! Como dizia Zé Simão (sim, eu realmente adoro citações)... o Brasil só tem duas saídas: Galeão e Cumbica.
Nesse movimento de fagocitar migalhas transatlânticas pisamos nas nossas riquezas.
Fortunadamente guardamos e preservamos algumas de nossas maiores riquezas que constituem nosso PATRIMÔNIO cultural. Não, "patrimônio" não é coisa do demônio; nem "democracia" coisa "do demo" como sugeriam os militares.
Um dos expoentes de nosso patrimônio artístico e cultural é Nelson Rodrigues e toda a obra rodrigueana, um legado para todas gerações futuras. Parte do inconciente coletivo brasileiro. O inconsciente coletivo brasileiro não é o Agnaldo Timóteo, como proclamam alguns, nem "A Mão Invisível do Mercado" é um filme-B, mas um livro sobre economia.
De tanto olharmos pelo binóculo, esperando a chegada das caravelas, num sebastianismo cultural sem fim (Sebastião is dead... nas areias do Alcácer-Quibir). Somente vemos miragens de caravelas, pois elas nunca mais voltarão. As caravelas somos nós, e agora precisamos caminhar rumo a nosso próprio destino como civilização. Uma civilização propriamente brasileira. Como propunha Glauber Rocha, uma "civilização atlântida", diferente de tudo já existente. Nem Europa, nem Africa, nem Asia... uma novíssima América.
Não poderemos obter "autosuficiência" cultural se não nos aceitarmos; não podemos nos aceitar enquanto tivermos vergonha. Dizem que o argentino é o italiano que acha que é inglês mas na verdade é quechua ou aymara. Uma pessoa para ter noção do outro, da alteridade, precisa primeiro ter noção de si-mesmo. Se não tivermos noção de nossa(s) própria(s) cultura(s) não poderemos ter noção de outras, sempre caminharemos na vaghezza, na superficialidade, na "idade mental de um DiskMTV".
Será que hoje, 2008, se Chico Science e o manguebeat estivessem começando agora, será que as pessoas se interessariam? Será que o manguebeat em 2008 seria pauta do dia na mídia? Será que votariam em "A Cidade" no DiskMTV? Como disse Lobão na KissFM há poucos meses... "se o mais ousado que nós temos é o Cansei de Ser Sexy, então estamos fu* e mal pagos".
Essas questões sao estratégicas, geopolíticas. Nada tem de subjetivas. Nem mesmo por oposição ao falso-objetivismo paulista. Tarefa de casa para adido cultural com Adidas no pé e gingado sambalelé.
Em Brasilia estão lutando por isso. Em Washington estão lutando por isso, seja em governo do G.O.P. (Grand Old Party... Partido Republicano) e mais ainda em administração democrata. Fortalecer a cultura brasileira não é antiamericano. O que é bom para o Brasil é bom para os Estados Unidos. Em Bruxelles estão lutando por isso, idem e ibidem... por exemplo, no tratado de Diversité Culturelle da UNESCO ratificado pelo Ministro Gilberto Gil.
Somente nossa mentalidade subalterna e amestrada e servil oferece obstáculos.
Viva Nelson Rodrigues! Como dizia Chico Science (eu adoro citações, né)... viva Zapata, viva Zumbi, todos os Panteras Negras!
Nelson Rodrigues arrasa! Me lembro que nos anos 80, as "empregadinhas" (politicamente incorreto, scusa) liam Sidney Sheldon. Hoje o brazuca lê, por exemplo, "O Segredo" e não percebe que está sendo enganado. Como dizem alguns "entrepreneurs" americanos... "a cada segundo nasce um otário".
Estou vendo uma entrevista na TV Cultura com o excelente cientista político Bresser Pereira, ex-Ministro da Fazenda na administração Sarney. Ele tocou num ponto muito importante. De início, afirmo que as opiniões / interpretações de fatos aqui abordados, em minha verborréia verborrágica refletem somente MINHA opinião/análise. Em hipótese alguma eu poderia falar em porta-voz de outrem. Escrevo em meu nome. Eu não sou anti-americano. Muito ao contrário. U.S.A. são um dos países que eu mais amo. Durante o governo Clinton, Carter e até mesmo alguns momentos do governo Reagan tivemos momentos de "orgasmo"... momentos em que toda a humanidade deu grandes passos, com a ajuda e orientação desses grandes líderes.
Hoje, após sete anos de governo Bush... jamais, após o séc. XIX, a influência internacional americana, nos corações e mentes, esteve tão baixa. Precisamos ocupar, na medida do possível, esse vácuo deixado. Isso é uma questão estratégica. Para figurar na ordem do dia. Bresser-Pereira tocou nesse ponto na TV Cultura, em sua interview com Abujamra. Com o advento do multiculturalismo como padrão comportamental mundial, estamos numa excelente conjuntura internacional na qual o Brasil pode dar passos históricos rumo a uma nova civilização brasileira. Somos um dos B.R.I.C., Brasil - Russia - India - China, uma das quatro novas superpotências mundiais no séc. XXI. Estamos com a faca e o queijo na mão, só não podemos virar goiabada-cascão e não podemos deixar os alienados interferirem no curso desse destino como nação. Fazemos parte da Lusofonia, da união entre países de língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Galiza, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste), o que representa um mercado de quase 300 milhoes de consumidores. Sexto idioma mais falado no mundo após, sucessivamente do primeiro ao quinto... mandarim, espanhol, inglês, árabe, hindi. É incompreensível que, nessa união que pouco lembra a Commonwealth britânica, poucos brasileiros conheçam, por exemplo, a cantora caboverdiana Césaria Évora (sucesso entre a "juventude dourada" de Paris mas que no Brasil seria considerada "brega" pelo povo Babado Novo e/ou CPM-22), e que também seja ínfimo e infinitesimal o número dos que conheçam o escritor moçambicano Mia Couto. Toca música de Angola em nossas rádios? Nas rádios francesas toca, e eles não falam português. Como está o intercâmbio universitário com Moçambique? Como podemos expandir nossa influência cultural nesses países e em suas regiões geopolíticas adjacentes? Lembro de uma frase de Georges Clemenceau, antigo presidente da França. Essa frase faz parte do filme "Dr. Strangelove" de Kubrick. A frase é: "La guerre! C’est une chose trop grave pour la confier à des militaires". (A guerra é uma coisa excessivamente grave para ser deixada nas mãos de militares). Precisamos tomar as rédeas de nossas reservas culturais, não podemos permitir que o manancial desse rio caudaloso da cultura plural e pluralista de nossa grande nação comece a evaporar pelo descuido e descaso dos alienados e alienistas. Precisamos ocupar essa terra e faze-la novamente fértil, muito fértil culturalmente... um "think tank" cultural. Questão de gosto? Não, de política. De qualidade de vida. É chato ser chato... mas às vezes precisamos ser um pouco spin doctor, ainda mais quando é para o bem coletivo.
Quero ver a boys band "Arctic Monkeys" fazer um cover de "51st State of America" do New Model Army, ou de "Holiday in Cambodia" dos Dead Kennedys.
Enfia a good Charlotte where the sun don't shine!
Viva Zapata! Viva Zumbi! Todos os Panteras Negras! Viva Nelson Rodrigues! Viva Norma Bengell! Viva os Satyros! Viva o Itaú Cultural! Viva Les Enfants Terribles!
The revolution will not be televised. Gil Scott-Heron está certo.
Esperando unfolding events... desde já parabenizo Barack Obama... Obama President! Espero que, se realmente eleito, em sua inauguração (em português dizem "posse" - sic) haja um show de "Tati Quebra-Barack". Não teve graça, nao é. Eu sei.
Inté...
Beijunda no cuore, dear fellows.
(Alguem tem o filme "Mutum" da Sandra Kogut para me emprestar?)
* Na foto... Nelson Rodrigues. Em suas próprias palavras, ele era um homem da época em que "os telefones eram pretos e as geladeiras brancas". Uma outra frase rodrigueana que muito me agrada é "toda unanimidade é burra". Espero que um dia não sejamos unânimes sobre esta frase. rsrs
OS SATYROS NO ITAÚ CULTURAL!
O Itaú Cultural convida a Companhia de Teatro Os Satyros para uma nova encenação da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. A montagem, que é dirigida por Rodolfo García Vázquez - um dos fundadores da companhia -, conta com a presença da atriz Norma Bengell, que encenou o texto em 1975, inaugurando o Teatro Nelson Rodrigues.
A obra, apresentada pela primeira vez em 1943, é uma tragédia sobre a memória de Alaíde, mulher recém-casada que sofre um acidente e é submetida a uma cirurgia. A história não corre linearmente, mas dividida em três planos: memória, alucinação e realidade. Para essa encenação a companhia propõe uma abordagem contemporânea do texto original ao mesclar os planos e usar recursos tecnológicos.
O Instituto retoma, com este evento, uma leitura de trechos do texto de Nelson Rodrigues, promovida em junho do ano passado, durante a programação de relançamento da Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro.
Vestido de Noiva
de Nelson Rodrigues
direção Rodolfo García Vázquez
sexta 8 a domingo 17 19h30 | sp
sala itaú cultural [255 lugares]
Itaú Cultural avenida Paulista 149
[ingresso distribuído com meia hora de antecedência]
classificação indicativa: 16 anos
ficha técnica
elenco
Cléo de Paris
Ivam Cabral
Nora Toledo
Alberto Guzik
Silvanah Santos
Phedra D. Córdoba
Laerte Késsimos
Gisa Gutervil
Denis Guimarães
Lara Giordana
Paulo Ribeiro
Renata Novaes
Ricardo Leandro
Thiago Guastelli
participação especial Norma Bengell
cenografia Marcelo Maffei
figurino Silvanah Santos
iluminação Rodolfo García Vázquez
vídeo Laerte Késsimos
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Vestido de Noiva
Postado por Flambart às 3:47:00 AM
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4 comentários:
Parabéns Flambart, o texto me soou como se vc tivesse vivido "cem anos de solidão" ideológica e de repente uma diarréia o tivesse acometido! Palavras grosseiras para indicar de forma controversa o quanto acho válido e bonito tudo que você escreveu.Parabéns novamente, confesso que as vezes perco a força por ver refletido em meu espelho apenas toda a "inculturalidade incapaz" ao meu redor, mas nunca deixarei em meu íntimo de acreditar, como você.
wow. é incrível ler algo tão lúcido nesses tempos líquidos e descartáveis. espero que sirva como incentivo para aqueles que desejam fazer algo a respeito mas acreditam estar sozinhos.
parabéns, e obrigada.
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